De regresso de férias com uma carta na bagagem

Carta a um cientista megalómano

O comportamento que vens patenteando incomoda sobremaneira os Benfiquistas.

Estamos saturados de patrocinar o teu laboratório de experiências dispendiosas, por vezes acéfalas e reveladoras de um ego frágil.

Não aceitas que um jogador sobressaia. Respondes a tal situação, cujo mérito também devias conseguir interiorizar, com o afastamento da equipa. Apenas aceitas um único destaque: tu!

Consideras-te um ser ímpar e imaculado cujas imperfeições, inerentes à condição humana, nunca te atingem. Era importante que tentasses encontrar alguém, dentro desta área, que te ajudasse a entender que a persistência no erro não serve como remissão da responsabilidade do erro simples. Pensa nisso. Ainda podes vir a ser um grande treinador, desde que te disponibilizes a entrar no comboio da humildade. Errar não constitui um pecado capital. A persistência no erro e a auto-desresponsabilização é que não são características dos treinadores sábios e emblemáticos.

Agradeço-te o campeonato ganho e as exibições convincentes, mas não me esqueço da forma como perdeste o título do ano transacto para alguém que sempre admiraste e com quem te mostras sempre reverente

Transformaste massa amorfa em ouro, mas também tens convertido diamantes, por ti encomendados, em caca.

Sai  e vai para onde quiseres. Todos nós sabemos que o teu amigo douradito te receberá de braços abertos e te proporcionará momentos de enorme felicidade com os métodos que tu tão bem conheces. Tem cuidado porque os ditadores não vivem eternamente e a impunidade não se perpetua.

Termino com um pedido que já ando há bastante tempo para te fazer: quando mascares a pastilha, fecha a boca!