"A História repete-se pelo menos duas vezes: a primeira como tragédia, a segunda como farsa"

A candidatura de Fernando Gomes à Liga, a confirmar-se, ao arrepio do apoio do Benfica, não representa mais do que aquilo que nós sabíamos que ia acontecer.

Quando Vieira decidiu apoiar Fernando Gomes, dizendo, inclusive, que tinha orgulho no Presidente da Liga, devia ter tido mais cuidado... e devia ter ouvido quem, como eu, lhe disse que aquilo era um dos maiores disparates da história do Benfica.

Ao invés, preferiu ouvir os doutos conselhos de uma figura grada do universo benfiquista, que lhe garantiu a honestidade do anterior administrador tripeiro.

Vieira comprometeu o Benfica com uma solução altamente prejudicial ao clube e elevou uma pequena figura a Presidente da Liga. Para pior, limpou o passado de uma personagem que, como provam alguns factos apurados no processo "apito dourado", estava muito perto do centro de comando do futebol português...

O nosso Presidente não se limitou a ser ingénuo: foi negligente na abordagem e não ouviu (não quis?) quem devia.

Agora é tarde e Vieira corre o risco de sair de cena como um derrotado.

O pior é que uma derrota aqui e agora representa muito mais do que nós podemos alcançar - e eu já alcanço muito...

Não vou tão longe como um grande amigo benfiquista, conhecedor dos meandros do futebol potuguês, que me garantiu, ontem, estarmos à beira de um retrocesso civilizacional no mundo do pontapé na bola e que esta derrota de Vieira implica, necessariamente, a sua saída de cena. Não vou porque penso que Fernando Gomes pode não ganhar - apesar da sua candidatura representar, por si só, uma grande derrota de Vieira -. Mas se for a votos e ganhar...

Entretanto a posição de Seara sai fragilizada de tudo isto. Sai por culpa própria: qualquer iniciado sabia que é impossível galgar terreno, durante tanto tempo, nas costas do diabo.