terça-feira, 2 de outubro de 2012

Benfica, Benfica, Benfica!

Há experiências que não se esquecem. A ida ao Nou Camp é uma delas (nunca percebi se é Camp Nou, Nou Camp ou o raio que o parta...).


Por uma série de questões que não interessa dirimir, depois dessa visita, nunca mais olhei bem para aquela gente, apesar de perceber que o Barcelona é a continuidade de Barcelona cidade, Barcelona capital.


Quando vou a Ayamonte ter com um conjunto, cada vez maior, sublinho, de amigos que ali vivem, faz-me um pouco de confusão quando me dizem para ir beber um copo à capital, a Huelva. Têm, como capitais, Huelva, Sevilha e só depois Madrid. Precisam de três níveis para chegarem à capital do país. E os andaluces de Jerez, Malaga, Antequera, Cordova, Granada, etc, funcionam da mesma forma. 

Os bascos, não reconhecendo Madrid, na sua grande maioria, como capital, ainda que não defendam a independência - não é aqui que vos explico a coisa... -, têm 3 capitais: Gasteiz (Vitória), Donostia (San Sebastian) e Bilbo (Bilbao), por tantas outras regiões, tendo, depois, capitais em cada provincia, sendo que a do país é Gasteiz.

Assim por diante até que chegamos à Catalunha e nos deparamos com uma centralização tão evidente, mas tão evidente, que não nos apercebemos se a Catalunha vai além das fronteiras de Barcelona - e vai!

Cidades como Tarragona, Lleida e Girona não estão, apenas, subalternizadas: fora da Catalunha não existem!

Por isso mesmo e muito mais, pensar num Benfica - Barcelona é pensar, acima de tudo, num confronto entre um clube do mundo, com um ideal universalista, alma mater da democracia portuguesa e um clube que é um país, porque nesse país não há nada mais.

Respeito o Barcelona e o Real Madrid, sem conseguir gostar um pouco que seja da sua filosofia: de tão diferentes que querem ser, são, precisamente, iguais ao centrifugarem tudo o que está à sua volta. O Benfica, o nosso Benfica, está do outro lado, respeitando as autonomias e expandindo-se para as margens, sabendo que o seu ideal é a universalidade.

Derrotar o Bercelona ou o Real Madrid é muito mais do que derrotar uma equipa de futebol. É, no fundo, muito mais do que derrotar duas ideias iguais, duas ideias de absolutismo. Para nós, que somos compactos, unidos e universais, derrotar esses clubes que espelham o pior que os nacionalismos serôdios carregam, derrotá-los, é uma questão ideológica, uma questão de formação.

O meu Pai, que amiúde surge aqui no blog em referência, indignou-se, no passado sábado, por causa de uma conversa sobre Luís Filipe Vieira. Disse, em bom som e para quem queria ouvir, perante sócios do Benfica carregados de razão, que a "alma do Benfica é a massa associativa e nunca um Presidente, seja ele quem for!". Hoje e sempre, o Benfica é um clube popular, com uma massa associativa ímpar, que dá vigor ao clube, em todos os momentos. Essa massa salvou o Benfica das mãos assassinas de Azevedo, perdoando todos aqueles que ampararam o criminoso - mas não esquecendo.

Foi assim que nos tornámos grandes, enormes, foi assim que contra todas as perspectivas ganhámos, impondo o nosso futebol humilde, mas vigoroso, as duas Taças dos Campeões Europeus, a Real Madrid e Barcelona.


Bem sabemos que não há quem, em toda a estrutura do futebol benfiquista, entre no balneário, hoje, às 19.35, e saiba transmitir aos nossos jogadores que ganhar ao Barcelona é uma obrigação ética, porque ética é a nossa luta. Não há quem, em toda a estrutura do futebol do Benfica, perceba que a nossa vitória começa na base, porque se prolonga para os extremos, em vez de condenar as margens a caminharem para o centro.


Acordei com a certeza de uma vitória, apesar de saber as dificuldades. Porque sei que, aconteça o que acontecer, clubes como o Benfica, o nosso Benfica, serão sempre o caminho da esperança.


1 comentário:

  1. Muito a sério, obrigado por me lembrares de vez em quando, que não estou sozinho sobre o que penso que é a génese e o caracter do nosso clube.
    Muito obrigado.

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