sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Churchill e o futebol português

O futebol português é bipolar na relação com a velha máxima de Churchill ("daquele lado estão os nossos adversários, deste os nossos inimigos" ensinou o velho a um jovem deputado dos conservadores...): enquanto os gajos do freixo tudo fazem para contrariar o sábio inglês, nós entretemo-nos a dar-lhe razão...


Olho para o Benfica, em 2012, e procuro as razões, os motivos, a essência, da Fundação. O Benfica nasceu, como tenho insistido, de um ideal universalista, de expansão de uma ideia ética, da especial consideração pelo Homem, enquanto ser total, expressando no desporto a matriz de igualdade e liberdade, da fraternidade e lealdade na vida, na sociedade.


Cosme Damião, o nosso primeiro símbolo, perdeu umas eleições, contra todas as evidências, aceitando a democracia e reconhecendo a sua derrota. Daí nasceu um Benfica mais compacto, mais adaptado às exigências de uma sociedade que mudava de feições. Era uma sociedade negra, obscura, que perseguiria a matriz popular e desobediente do Benfica.


Provavelmente, muito provavelmente, se a lista de Bento Mântua e de Cosme ganhasse as eleições, contra Ribeiro dos Reis (curiosamente, a lista foi derrotada depois de uma tumultuosa assembleia geral...), Cosme , o idealista, sentir-se-ia perdido perante a monstruosidade que foi o estado novo e o Benfica de hoje não seria o mesmo.


Esse momento (Cosme, posteriormente, ainda viria a ser Presidente da Mesa da Assembleia Geral, que o ofendera...), esse momento em que os Benfiquistas optaram por um projecto que se afastava da ideia original, mas por necessidade circunstancial, tem muito que ver com o ano da graça de 2012.


Hoje por hoje, o Benfica também não é o clube vencedor que viria a ser depois do consulado de Ribeiro dos Reis (a década de 20 foi negra...) e vive o dia a dia com um passivo inimaginável que afasta o homem comum, o verdadeiro Benfiquista, da gestão do Clube.


O nosso Benfica passou a ser um clube que tem um Presidente que se mune, estrategicamente, de todos aqueles que o podiam derrotar em eleições e que tem uma oposição organizada por um homem chamado Veiga, que dispensa, para qualquer Benfiquista, apresentações e que nunca entraria no Benfica, não fosse ... o Presidente!

O nosso Benfica, o meu Benfica, o nosso Benfica, passou a ser um clube que tem um traidor do tamanho do mundo, que nos abandonou para se entregar a um rival e que se vendeu, depois, ao inimigo, tornando-se grande nas ondas do apito dourado, da fruta e das frutas, a botar faladura sobre o futuro do Clube e ninguém diz nada?

Não há lá nenhum assessor que o mande calar? Que lhe diga que aqui não bota feijão?

Com os nossos Fundadores... com os nossos Fundadores...

Que Benfica é este? Que Benfica é este, que não se dá ao respeito?


Resume-se a um dueto entre Vieira e Veiga, com Moniz a assistir de cátedra e todos os outros calados?


Onde andam as nossas Glórias, caralho, que têm obrigação de dizer "basta"?


Quem sou eu (nós?) para deixarmos que a História do Benfica se conspurque, nos últimos 20 a 25 anos, com gente que nunca entraria na casa de Cosme e de Ribeiro dos Reis?


Foda-se, o Benfica é a causa da minha vida e sinto-me a traí-la, permitindo que isto se passe!

Não terá chegado a hora?

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5 comentários:

  1. Pena é os estatutos terem mudado, porque haveria alguém com tomates, não um Bruno Carvalho, que esse nem a uns votos brancos consegue ganhar, que tomaria conta do clube! Sr. José, com respeito o trato assim, porque como não o conheço pessoalmente, assim terá que ser, mandam as boas regras de educação, não poderia o Sr. elaborar uma lista às eleições ou estatutariamente não o pode fazer?

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  2. Não tenham a mais pequena dúvida que se o pudesse fazer, este era o momento. Tenho os 25 anos (mais, até...), mas não tenho o inconstitucional período de maioridade (esperar 25 anos sobre os 18 é de loucos...). Tentei convencer alguns amigos, mas nada...

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  3. Sim, Veiga dispensa apresentações, lá nisso acertastes.

    O que Vieira fez pelo Benfica, jamais alcançarás. Para mim, ele devolveu não só o presente como o futuro ao Benfica.

    Hoje o Benfica existe e existirá, digno e vitorioso, para as gerações vindouras.

    Realmente, há obras que têm um valor incomensurável.

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  4. Não me apetece discutir com os ceguinhos do Vieira, até porque eu já fui um... Não me apetece.

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  5. Chegou a hora! Mudemos enquanto é tempo e salvemos o nosso clube!

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